Anglican lectionary: Catholic lectionary: | 1st Reading Isa 64: 1-9 both | Psalm 80:1-7,17-19 – | 2nd Reading 1Cor 1:3-9 both | Gospel Mark 13:24-37 both |
by Diocesan Bishop Francisco de Assis da Silva, South Western Diocese, Brazil
Bispo Francisco de Assis da Silva, bispo diocesano, Diocese Sul Ocidental, Brasil
(Versão Portuguesa see below the English text)
Green Lectures
An Homily for the First Sunday in Advent
Watch! The Lord of the House is returning!
This Sunday’s Gospel speaks to us of the most insistent word we use in Advent season. Watch. In the intricacies of the Portuguese language, we can see that it lends itself to several senses. It can mean taking care, being ready, being attentive, or even being sleepless. I intend to explore in this simple message the character of attention to the sad and worrying signs of our time.
In these pandemic times, we have seen events that concern us and that have affected all aspects of our lives. A virtually invisible virus has brought the world to its knees, radically affecting lifestyles, the economy and politics. In its ballast, in addition to deaths and a lot of pain, it is generating more poverty, more inequality and a lot of emotional illness.
Before it, we have seen different ways of relating to it. I would like to highlight at least three of the different ways that worries me a lot:
- The deniers seem not to accept what science has said and prefer the option about conspiracy theories that justify or calm their fears or even the acceptance of their weaknesses.
- Negotiators seek to sacrifice as little as possible of their inevitable losses in a bargain that does not offer an authentic outlet for a new era.
- The constant profiteers, who take advantage of this crisis to expand their advantages, including counting on the fragility of their contemporaries. It is interesting to note that, even within the Church, we find representatives of these ways of dealing with this situation.
We have no doubt that, the environment has been intentionally neglected by all these segments of people. The denialists build conspiracy theories to legitimize the continuity of their speeches and policies that are harmful to the environment and usually accuse anyone who stands against their policies as leftists, communists who try to destroy Capitalism. Negotiators try to resolve the crisis by pouring all their energy into political and economic reforms that further reduce the rights and guarantees of the most fragile people, increasing poverty and expanding gains for the most privileged classes. In addition, cynically, they throw into the uncertain tomorrow, the hope of correcting these directions by “The Market God” and his invisible hand. In addition, the profiteers are those who, like Brazil, take advantage of the pandemic to approve measures that intentionally expand the aggression to the environment, expand their businesses, and destroy our forests, our biomes and threaten the lives of native peoples.
It is here that it is necessary to rescue the speech of the prophet Isaiah. The God who reveals himself in today’s lesson is a zealous God who works for his real worshipers. A God who does not abandon the work of his hands. And who are these real worshipers? They are the people who practice justice and who remember Him in their ways. (V 5) It is practically a repetition of what his practically contemporary Micah wrote. A call for a new era, a restoration order. Restoration of all things more or less the same way a potter breaks the pot and does it again. (v.8)
It is for this new order that Jesus, in Mark, calls his disciples to be attentive, vigilant. The glory of the Son of Man must be desired, and made concrete in our life and in the life of the world. Only this glory is not limited to Kronos. Nobody sees or interprets inside Kronos. There is no time to reflect on time under the Kronos archetype. He is fast, fugacious. The real vigil takes place in Kairos, the time of God, about which no one knows, not even the angels. The time of God, is the Kairos, which is the time of opportunity (v.32).
A beautiful perspective of the text in Marcos is the idea of House. The owner of the house hands over the management of this house to his servants, but does not tell when he will return. He left his home, left everyone’s responsibilities well defined and went on a trip. You will come back by surprise and hope that everyone is ready and aware to present his or her completed tasks. We are inexcusable because the owner of the House left our responsibility well explained a tutorial that can be understood in any language!
The Church it is call to take care of the House. This puts it on a collision line against useless servants. Against those who use the gifts of God’s wonderful Creation in favor of their petty interests. We are call to have the courage and resilience of prophetism. We are call to read between the lines of an abusive, consumeristic and elitist process that point to the destruction of poor people and the beauty of our common House. Let us therefore ask God, as the Psalmist:
O God, convert us from heavenly hosts;
make your face shine and we will have salvation! (Ps 80,3)
Or, in other words: Maranata! Come Lord Jesus!
Vigiai! O Senhor da Casa está voltando!
O Evangelho deste Domingo nos fala da palavra mais insistente que usamos neste tempo de Advento que se inicia. Vigiar. Nos meandros da língua portuguesa podemos perceber que ela se presta a vários sentidos. Ele pode significar cuidar, estar pronto, estar atento, ou até mesmo estar insone. Pretendo explorar nesta simplória mensagem o caráter da atenção aos tristes e preocupantes sinais do nosso tempo.
Nestes tempos de pandemia, temos assistido eventos que nos preocupam e que tem afetado todas as esferas da nossa vida. Um vírus praticamente invisível colocou o mundo de joelhos, afetando radicalmente modos de vida, a economia e a política. No seu lastro, além de mortes e muita dor, está gerando mais pobreza, mais desigualdade e muita doença emocional.
Diante dela temos visto distintos modos de se relacionar com ela. Gostaria de destacar pelo menos três que me preocupam sobremaneira: 1. Os negacionistas parecem não aceitar o que a ciência tem dito e preferem embarcar em teorias da conspiração que justifiquem ou acalmem os seus medos ou mesmo a aceitação de suas fragilidades. 2. Os negociadores buscam sacrificar o mínimo possível de suas inevitáveis perdas numa barganha que não oferece uma autêntica saída para um novo tempo. 3. Os aproveitadores contumazes, que aproveitam esta crise para ampliar suas vantagens, inclusive contando com a fragilidade de seus contemporâneos. Interessante notar que, mesmo dentro da Igreja, encontramos representantes destes modos de lidar com a esta situação.
Não temos dúvida de que o meio ambiente tem sido descuidado intencionalmente por todos estes segmentos de pessoas. Os negacionistas constroem teorias da conspiração para legitimar a continuidade de seus discursos e políticas lesivas ao meio ambiente e costumam acusar quem se coloca contra suas políticas como esquerdistas, comunistas que intentam destruir o Capitalismo. Os negociadores tentam solucionar a crise jogando toda sua energia em reformas políticas e econômicas que reduzam ainda mais direitos e garantias das pessoas mais frágeis, aumentando a pobreza e ampliando ganhos das classes mais privilegiadas. E, cinicamente, jogam para o amanhã incerto, a esperança de correção desses rumos pelo Deus Mercado e sua mão invisível. E os aproveitadores são os que, a exemplo do Brasil, aproveitam a pandemia para aprovar medidas que expandem dolosamente a agressão ao meio ambiente, expandem seus negócios e destroem nossas florestas, nossos biomas e ameaçam a vida de povos originários.
É aqui que cabe resgatar a fala do profeta Isaías. O Deus que se revela na passagem de hoje é um Deus zeloso, que opera em favor de seus reais adoradores. Um Deus que não abandona a obra das suas mãos. E quem são estes reais adoradores? São as pessoas que praticam a justiça e que lembram d`Ele nos seus caminhos.(v 5) É praticamente uma repetição do que escreveu seu praticamente contemporâneo Miquéias. Um chamado para um novo tempo, uma ordem de restauração. Restauração de todas as coisas, mais ou menos do jeito como o oleiro quebra o vaso e o faz de novo. (v.8)
É para essa nova ordem que Jesus, em Marcos, chama seus discípulos e discípulas estarem atentos, vigilantes. A glória do Filho do Homem precisa ser desejada e tornada concreta em nossa vida e na vida do mundo. Só que ela não está limitada no Kronos. Ninguém enxerga e nem interpreta no Kronos. Não há tempo de refletir sobre o tempo sob o arquétipo de Kronos. Ele é rápido, fulgaz. A verdadeira vigília se dá no Kairós, o tempo de Deus, sobre o qual ninguém sabe, nem os anjos.O tempo de Deus, é o Kairós que é o tempo da oportunidade (v.32).
Uma linda perspectiva do texto em Marcos é a idéia da Casa. O dono da casa entrega a gestão desta casa para seus servos, mas não avisa quando vai voltar. Deixou a sua casa, deixou as responsabilidades de cada um bem definidas e foi viajar. Voltará de surpresa e espera que todos estejam prontos e conscientes para apresentar suas tarefas cumpridas.Somos inexcusáveis porque o dono da Casa deixou nossa responsabilidade bem explicadinha, um tutorial que pode ser entendido em qualquer língua!
A Igreja é chamada a cuidar da casa. Isto a coloca em linha de colisão contra os servos inúteis. Contra quem usa os dons da Criação maravilhosa de Deus em favor de seus mesquinhos interesses. Somos chamados a ter a coragem e a resiliência do profetismo. Somos chamados a lermos as entrelinhas de um processo abusivo, consumista e elitista que apontam para a destruição das pessoas pobres e da beleza de nossa casa comum. Peçamos portanto a Deus, como o salmista: Converte-nos ó Deus das celestes hostes; faz brilhar a tua face e teremos salvação! (Sl 80,3) Ou, em outras palavras: Maranata! Vem Senhor Jesus!
by +Francisco, South Western Diocese, Brazil